Quem nunca ouviu falar que a soja é um ótimo alimento, riquíssima em proteína, benéfica a diversas áreas do organismo e previne uma série de doenças? A soja veio ganhando espaço nas mesas dos brasileiros e não faltam profissionais que recomendem sua ingestão. Suas vantagens se estendem desde a superação dos efeitos da menopausa até a prevenção diversos tipos de câncer, aumentar a expectativa de vida, diminuir o risco de doenças do coração. Mas, nesse ambiente de tanta confiabilidade, surgem dúvidas quanto aos efeitos colaterais.
Na composição da soja estão presentes duas drogas naturais: genisteína e daidzeína. Ambas agem de forma parecida com o estrógeno (hormônio feminino), sendo até conhecidas como fitoestrógenos (substâncias semelhantes aos estrógenos produzidas por plantas). Portanto, não é adequado o consumo excessivo dessa substância, principalmente por homens, como afirma urologista Renato Fraietta, diretor do Departamento de Andrologia da Sociedade Brasileira de Urologia e médico do Setor de Reprodução Humana da Unifesp (SP): “Os fitoestrógenos têm o efeito do hormônio feminino e podem provocar alterações hormonais e até causar ginecomastia, que é aumento do volume mamário nos homens”. E segundo a nutricionista, Flavia Pagano, o exagero de consumo de produtos de soja por homens vegetarianos, confirmou o efeito. ''É como se o homem em questão tivesse se tratado com estrógenos (ou seja, hormônios da mulher). Este tipo de problema é raro, e com a suspensão temporária dos produtos de soja, a ginecomastia tende a regredir''.
Outro efeito colateral foi discutido por cientistas da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos que publicaram na revista científica Human Reproduction estudo que revela a redução de espermatozóides durante o consumo de soja. Os pesquisadores observaram que os participantes que consumiam em média uma porção de comida à base de soja em dias alternados, apresentavam uma redução de 41 milhões no número de espermatozóides, sendo que a concentração considerada normal de espermatozóides no sêmen fica entre 80 e 120 milhões por mililitro. A possível explicação, segundo a pesquisa, está na alta quantidade de isoflavonas, substância de efeitos parecidos aos do estrogênio (hormônio feminino), encontradas em grande quantidade nas proteínas da soja. E em Belfast, na Irlanda do Norte, pesquisadores do hospital Royal Victoria, têm se dedicado ao estudo desde 2004 e divulgam os mesmos resultados.
Entretanto, ainda não há um consentimento geral a cerca do assunto, muitos profissionais afirmam que para ser oficializado o resultado das pesquisas, deve-se repetir outras vezes os estudos em mais instituições diferentes para confirmar os resultados. A nutricionista Elaine Cristina de Melo não considera nenhum dano atribuído à soja, afirmando: ''Até hoje as pesquisas sempre apontaram benefícios. Ela é utilizada tanto para ajudar na reposição dos hormônios femininos na menopausa como também para diminuir os sintomas da andropausa, que é o período de queda da taxa hormonal no homem durante o processo de envelhecimento. O importante é usar a soja nas devidas proporções. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), aponta que seu uso deve ser de até 25g diários para se obter benefícios''
Portanto, realmente, o ideal é consumir a soja, e todos os outros alimentos, com equilíbrio e sem exagerar. O extremismo não é a melhor opção, pois a soja possui muitos nutrientes benéficos, contudo a administração da quantidade é essencial!
Bibliografia:
Andressa Gomes Barros